A vida é possível, para quem é diferente. É com essa linha condutora que o projeto de inclusão Literatura Acessível atua desde 2014, sob a condução de sua idealizadora Carina Alves. “O projeto existe para esclarecer e reforçar que crianças com deficiência têm potencialidades”, explica ela, que voltou da África, no mês passado, quando recebeu o Prêmio Confucius de Alfabetização, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O Literatura Acessível nasceu na defesa de dissertação de mestrado de Carina, quando ela expôs histórias de pessoas com algum tipo de deficiência que se reinventaram por meio do esporte. “Uma professora da banca me perguntou o que eu iria fazer com aqueles relatos e me foi sugerido que eu não esquecesse das crianças. Aí me veio a ideia de transformar todo aquele material em livros infantis. Depois disso, lancei o projeto-piloto e o primeiro livro foi um sucesso”, lembra Carina.
Hoje já são 10 livros, todos produzidos em formatos acessíveis (braile, libras, audiodescrição, fonte ampliada e pictograma), que são distribuídos gratuitamente em escolas e bibliotecas públicas. Além do material, o projeto leva o espetáculo “Incluídos & Misturados”, com roteiro inspirado nos livros, todos com histórias protagonizadas por personagens com deficiência. “Hoje, o Literatura está presente em muitas plataformas: ebook, aplicativo, desenho animado, músicas…e tudo é gratuito. A ideia é expandir cada vez mais e o Nordeste é uma das nossas prioridades”, explica. Recentemente, o projeto chegou ao Recife, Glória do Goitá e Cabo de Santo Agostinho, transformando Pernambuco no primeiro estado a receber a iniciativa.
Espetáculo – Na peça levada às escolas, um viajante recém-chegado de um lugar imaginário conta para o público suas experiências vividas com os personagens da turma Incluídos e Misturados. “É um espetáculo teatral sensorial e interativo, que aborda como temas principais a acessibilidade e a inclusão. Por meio de atividades lúdicas, o personagem principal conduz todos para uma viagem a um mundo sem distinções, onde as diferenças unem a todos”, explica o diretor Vinícius Soares.
O projeto é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Usiminas, apoio do Instituto Usiminas, Crid e Politécnico de Leiria e Lepedi/UFRRJ.
Tem produção da Burburinho Cultural e é uma realização do Instituto Incluir, da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo. Hoje, a ação atende todas as regiões do Brasil e, inclusive, dialoga com outros países, com o objetivo de criar oportunidades de atividades culturais e educacionais, proporcionando uma nova sociedade que seja mais digna e mais justa.