Na próxima segunda-feira, crianças de 5 a 12 anos participarão do projeto Literatura Acessível, que marcará a reabertura da Sala de Leitura Infantil da Biblioteca Parque Estadual, no Centro do Rio. Com o objetivo de ensinar a importância da inclusão social e da acessibilidade, a iniciativa levará livros para jovens que possuem algum tipo de deficiência ou vulnerabilidade social. Para Carina Alves, autora dos livros e presidente do Instituto Incluir, responsável pelo programa, é importante sair do discurso e começar a agir em prol de uma sociedade menos excludente.
— A ideia é essa, a gente trazer os jovens e as crianças para a questão da diversidade humana, para tornarmos nossa atitude cada vez mais acessível e inclusiva, não ficar só no discurso. A ideia é, quando conseguimos ter contato com as pessoas, sensibilizá-las para que isso se torne uma prática. Porque nossa sociedade já é excludente, ela exclui naturalmente. Então a gente faz esse trabalho para que isso mude. É um sonho, um ideal — afirmou Carina
Para isso, o projeto idealizado pelo instituto apresenta uma série composta por cinco contos em que os personagens-título são sempre crianças com algum tipo de deficiência, trabalhando a questão do bullying e outros temas importantes para o público infantil. E para aumentar ainda mais a ideia da inclusão, os livros estarão disponíveis em diversos formatos, como libras, braile, audiodescrição e pictograma, e também em português e alemão. Segundo Carina, a ideia é agrupar os filhos de refugiados de guerras.
Olhos no futuro
Ao todo, serão quatro rodadas de leituras com grupos limitados de até dez estudantes de escolas públicas de localidades como Rocinha, Cidade de Deus e Curicica, entre outras. No entanto, a ideia de Carina é que o projeto seja levado para todo o Brasil, mas claro, com a permissão dos poderes públicos, por respeito às medidas de restrição de cada estado. Inclusive, foi justamente por conta do coronavirus que esse projeto não saiu do papel antes.
— Em março de 2020, a gente já estava com passagem comprada para começar em São Paulo, com escolas em Jundiaí. Depois a gente ia para Belém, Bahia, mas não pudemos ir porque foi exatamente quando estourou o confinamento, o lockdown — revelou a presidente do instituto
Um dos livros que será apresentado no projeto conta a história de uma menina negra que perdeu uma das pernas Foto: Divulgação
Agora, conforme o quadro de infecção de cada estado melhore e a vacinação avance, o projeto poderá chegar a mais crianças e, quem sabe, fazer com que essa juventude, tão ligada aos aparelhos eletrônicos, cultive o hábito da leitura.
— Nós vivemos tanto na era digital que é muito interessante, bacana, a tecnologia nos ajuda, mas (o Leitura Acessível) é para que as crianças não percam a intimidade com a leitura. É uma maneira de fomentar. Dar o livro é “leva, lê com a sua família, lê na escola”. Aonde a gente conseguir entrar e entendermos com o poder público que é possível, nós vamos. Até para dar para essas crianças, esses jovens, que estão esse tempo todo em casa, a possibilidade de entrar em contato com a cultura, educação, atividades lúdicas — concluiu Carina.